Sepultura fala sobre seu novo álbum, “Quadra”
Veja também as análises de “Quadra” feitas por Gastão Moreira e Sam Dunn, do canal BangerTV
Por AD Luna
Com informações de Adriana Bueno
O Sepultura dos anos 2010 parece estar retomando as rédeas do seu protagonismo como principal nome do metal brasileiro. No dia 7 de fevereiro, o quarteto lançou nas plataformas digitais o novo álbum, “Quadra”. Produzido por Jens Bogren, que também trabalhou no anterior, “Machine Messiah” (2017), a obra flerta com o progressivo e ritmos brasileiros e vem sendo apontada como um dos melhores de toda a carreira do quarteto.
“Com o ‘Quadra’, estamos explorando as possibilidades novas que o ‘Machine Messiah’ trouxe”, explica Andreas Kisser. Formado por 12 faixas, o disco foi dividido conceitualmente em quatro partes.
“O lado A é mais tradicional, thrash metal, que representa o discurso do Sepultura, mas com elementos novos; o B é mais percussivo, com ritmos brasileiros; O C vai um pouco mais além com o violão, mais instrumental como característica geral. É ir um pouco mais além; e o D é aquela coisa mais ‘groovada’, lenta, com melodia. Quadra é uma consequência do crescimento do Sepultura”, destaca o guitarrista.
Entre as novidades de “Quadra”, está a participação de músicos convidados nos vocais. É o caso de Emmily Barreto, do Far From Alaska, banda de stoner do Rio Grande do Norte. “O vocal feminino casou muito bem com a voz do Derrick”, diz Kisser.
Com letra do vocalista Derrick Green, “Isolation” foi o primeiro single, lançado e tocado pela banda ao vivo no Rock in Rio 2019. A letra fala do sistema prisional dos EUA.
“A prática desumana do confinamento solitário muda a estabilidade mental dos prisioneiros. Eles não são reabilitados, mas transformados para pior. Uma vez lançados de volta à sociedade, todos pagamos o preço pelo que foi feito com eles”, explica Green.
“Quadra” foi gravado na Suécia, terra do produtor Jens Bogren, para o qual Andreas não poupa elogios.
“Trabalhar com ele foi fundamental. O produtor sempre é o quinto elemento da banda dentro do estúdio. Energia 100% dentro do disco. Bogren expandiu a ideia de corais, de coisas de cordas. Foi um disco difícil de fazer, mas estávamos preparados. Ele também mixou e masterizou”, comenta Kisser.
O conceito do álbum “Quadra”
A palavra “quadra” pode ser usada de várias formas, entre elas, para definir “quadra esportiva” que é uma área limitada com demarcações regulatórias, onde, de acordo com um conjunto de regras, o jogo ocorre.
“Todos nós viemos de diferentes quadras – países e nações com suas fronteiras e tradições, cultura, religiões, leis, educação e um conjunto de regras onde a vida acontece. Nossas personalidades, crenças, o modo de vida, a construção das sociedades e dos relacionamentos… tudo depende desse conjunto de regras com as quais crescemos. São conceitos de criação, Deus, morte e ética”, afirma Kisser.
OUÇA o disco “Quadra” na íntegra
A imagem é de uma moeda, que subjetivamente mostra a importância atribuída ao dinheiro. Nela, há um crânio que representa o conjunto de regras e as leis, e o mapa do mundo, delimitando as fronteiras de todas as nações.
“Somos escravizados pelo dinheiro e medimos as pessoas e os bens materiais pelos conceitos de pobreza e riqueza. Independentemente da sua quadra, você precisa de dinheiro para sobreviver. Esta é a regra principal para jogar este jogo chamado vida”, explica.
O projeto da capa é de Christiano Menezes, com produção executiva de Marcos Hermes.