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Os 15 anos da Tratore
A Tratore surgiu em 2002. Na época, o músico e produtor Mauricio Bussab estava com diversos discos na mão, mas não havia quem os distribuíssem
Por AD Luna
Na edição do Interdependente – música e conhecimento, veiculada na FM Universitária 99,9 do Recife, no dia 16 de dezembro de 2017, o músico e produtor Mauricio Bussab falou sobre os 15 anos da Tratore, maior distribuidora de música brasileira independente, mercado fonográfico atual e streaming. Na parte musical, sons de Elza Soares, Carne Doce, Rhaissa Bittar, O Terno e Stela Campos.
A empresa surgiu em 2002, em São Paulo, onde até hoje opera. Na época, o músico e produtor Mauricio Bussab estava com diversos discos na mão, mas não havia quem os distribuíssem. Entre eles, o da própria banda, a Bojo, além de álbuns de Stela Campos e Wado. Depois de conversar com um amigo, a ideia de montar a nova distribuidora se concretizou.
“Inicialmente, a resposta foi variada. Não foi exatamente entusiasmada porque, na época, o mercado de discos ainda estava muito aquecido. Então todo mundo tinha a sua estratégia de distribuição. Quem vinha pra Tratore era alguém que havia acabado de produzir, que era muito independente”, recorda Bussab.
As coisas começaram a mudar quando gravadoras como a Abril Music e a Trama foram encerrando as atividades. Assim, os serviços da Tratore passaram a ser mais solicitados.
Dos cerca de 20 discos distribuídos no princípio, a Tratore trabalha atualmente com sete mil títulos de bandas e artistas brasileiros.
Distribuição de obras e remuneração
Obras físicas continuam sendo distribuídas, inclusive livros, e a empresa se adaptou rapidamente às mudanças no universo das plataformas digitais. Entretanto, ainda há certa desconfiança por parte de músicos no que se refere à remuneração.
Para Mauricio, é muito comum o artista não saber como a música dele está sendo remunerada. Há, por exemplo, o desconhecimento de que se recebe mais por quantidade de vezes em que uma música é tocada via streaming do que a compra individual da mesma faixa.
Por exemplo: a banda fictícia Mamão Melão ganha mais grana quando pessoas que assinam serviços como Spotify e Deezer ouvem a canção “Baião limão” do que o lucro advindo de downloads pagos da referida composição.
No que se refere ao que vem sendo produzido na imprensa sobre questões envolvendo remuneração via streaming, Bussab é incisivo. “Desculpa, mas naturalmente tem muita bobagem sendo escrita e má informação circulando”, critica.
Ao mesmo tempo, ele reconhece que entender os diversos meandros que envolvem o registro e distribuição digital de música é complicado até mesmo para quem é do meio. “É muita informação pra quem é profissional da área, imagina então para o leigo, que não é músico, que não trabalha com isso?”
Ouça o programa sobre os 15 anos da Tratore
Ouça “15 anos da Tratore #30” no Spreaker.
Spotify for artists
Entre as boas novas do universo do streaming, Bussab cita o Spotify for Artists . Por meio desta ferramenta, o músico que tem conteúdo nessa plataforma pode reivindicar o controle da sua página como artista solo ou integrante de uma ou mais bandas e receber relatórios diretamente enviados para ele ou ela. Sem atravessadores.
“Você consegue saber quanto tocou por dia na faixa etária dos 18 aos 25 anos (homens), em que cidade tocou mais etc. Se você não está usando isso, está perdendo uma chance muito boa de estar melhor informado sobre o que está acontecendo com tua música”, enfatiza.
Alguém poderia pensar, “o Spotify pode mentira respeito desses dados?”. Mauricio responde: “Claro que pode. Mas não está! Só o que eles têm pra vender é a reputação. Se um dia ela ficar manchada, as gravadoras major vão sair fora e acabou o Spotify. Então eles não estão mentindo!”
Lançamentos de shows no YouTube
Recentemente, o Iron Maiden tomou a decisão de não lançar a mídia física do que seria o DVD da turnê mais recente deles. Em vez disso, a banda inglesa de heavy metal disponibilizou um vídeo com todas as músicas reunidas e vários outros com cada uma das canções, separadamente, no Youtube.
Algo semelhante já vem fazendo o site paulista Showlivre com o conteúdo gerado a partir do Estúdio Showlivre. Bandas e artistas dos mais variados estilos se apresentam lá, ao vivo, logo depois a apresentação completa é disponibilizada online.
Em outro processo, edita-se cada música separadamente, que vão também para o YT e, em alguns casos, essas faixas ao vivo compõem álbuns virtuais que podem ser ouvidos ou baixados via plataformas digitais.
Em relação aos vídeos digitais de música, Mauricio Bussab diz não enxergar muito negócio no que se refere a vendas. “Pode ser que mude amanhã, mas agora, o áudio digital é que está dando um bom dinheiro”, expõe. Para ele, a estratégia praticada pelo Showlivre e o Maiden de lançar tudo em plataforma de vídeos como o YouTube é a melhor no momento, para promover as músicas. “Recolhe via Content ID o que tiver de recolher de direito autoral dessas músicas dentro do YouTube”, orienta.
O Content ID é uma ferramenta com a qual criadores podem identificar e gerenciar seus conteúdos no site de vídeos. Para saber mais mais, o YouTube disponibilizou um curso online sobre o funcionamento do sistema.