A “literatura de cura” incentiva debates e clubes do livro
Uma livraria, uma loja de conveniências, uma biblioteca, um estúdio de fotografias. Esses são alguns dos cenários que abrigam os livros da chamada “literatura de cura” (do inglês healing fiction), novo gênero literário que tem se destacado no mercado. Abordando narrativas reconfortantes e com enredos pouco complexos, os livros que compõem o gênero tem como objetivo tornar a leitura relaxante e reflexiva, abordando com leveza temas como empatia, cura e coragem.
Muitas vezes de origem asiática, as histórias exploram sentimentos por meio de mensagens e reflexões para quem busca por uma vida mais saudável e, apesar da temática não ser inédita, os livros passaram a ser incorporados sob um mesmo gênero em grandes feiras literárias, facilitando os leitores a encontrarem os títulos cobiçados.
Com a discussão acerca de saúde mental das pessoas ganhando cada vez mais força, assim como maneiras de lidar com as próprias emoções, e com transtornos como depressão, ansiedade e fobia social, o gênero literário oferece jornadas que acalentam, promovendo um relaxamento e uma leveza muitas vezes necessários durante uma pausa em meio a agitação cotidiana, refletindo necessidades que muitos ainda não sabem suprir.
Sucesso nas redes sociais, especialmente entre as gerações mais jovens, títulos da literatura de cura já podem ser facilmente encontrados em livrarias, ostentando artes de capa convidativas, que retratam o cenário cotidiano da história, tons quentes e elementos como plantas, janelas e gatos. Os temas também são recorrentes e ganham cada vez mais destaque nas redes sociais, ampliando a discussão literária como um todo e auxiliando no surgimento de rodas de conversa e clubes do livro que destacam autores além do eixo Estados Unidos-Europa, como é o caso do Clube da Prosa, iniciativa mensal da Biblioteca Mário de Andrade (BMA) em conjunto com a Companhia das Letras para incentivar a leitura de diferentes autores com diversidade de gêneros, etnias e nacionalidades, buscando por títulos disponíveis em bibliotecas públicas, facilitando o acesso dos participantes.
Outra instituição que promove discussões literárias é o Clube de Leitura JHSP + 451, promovido de forma online e gratuita pela Japan House São Paulo e pela revista literária Quatro Cinco Um a fim de ampliar o acesso dos brasileiros à literatura japonesa. A atividade comemorou sua 50° edição em março de 2024, abrindo para discussão os temas em um dos títulos mais conhecidos da literatura de cura: “Meus dias na livraria Morisaki”, de Satoshi Yagisawa, que narra a vida de uma jovem que, em meio a uma depressão, recebe a oferta de trabalhar na antiga livraria de sua família e que, ao longo da trama, encontra um amor na literatura e aprende a lidar melhor consigo mesma.
Entre os títulos mais conhecidos, também se destacam “A Biblioteca dos sonhos secretos”, de Michiko Aoyama, que narra cinco histórias que se entrelaçam em uma biblioteca de um centro comunitário, explorando os diferentes momentos da vida e o desejo de recomeçar; “Antes que o café esfrie”, por Toshikazu Kawaguchi, que conta sobre quatro pessoas que viajam no tempo a fim de consertar erros do passado, por meio de uma cadeira especial em um café, em uma jornada emocional sobre arrependimento e redenção; e “A lanterna das memórias perdidas”, por Sanaka Hiiragi, que aborda questões sobre a vida, o amor e as memórias ao contar sobre as visitas recebidas por um estúdio fotográfico que se revela o ponto de transição entre a vida e a morte – título que será discutido no próximo encontro do Clube de Leitura JHSP + 451, em junho.
Serviço:
Clube da prosa da BMA
Local: Sede da Biblioteca Mário de Andrade – R. da Consolação, 94, República – São Paulo/SP
Entrada livre gratuita mediante inscrição prévia no formulário
Mais informações no site
Clube de leitura Japan House São Paulo + Quatro Cinco Um
Evento online
Participação livre e gratuita mediante inscrição prévia no Sympla
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