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Mudanças climáticas: as cidades brasileiras estão preparadas para enfrentá-las?
Mudanças climáticas: em alusão ao Dia do Geógrafo, celebrado no dia 29 de maio, propomos uma reflexão acerca dos impactos provocados pelas mudanças climáticas, e consequentemente o aquecimento global, em decorrência da ação humana, nas cidades brasileiras
Por Anny Santos*
A Profa. Dra. Maria Suzete Feitosa, membro do corpo docente do curso de Geografia da nossa UESPI, destaca que as mudanças climáticas sempre existiram em nosso planeta, mas o aquecimento global se deve ao efeito estufa antropogênico, isto é, causado pela ação humana, somado ao efeito estufa natural. Ela afirma que essas mudanças são objetos de debates no meio científico devido ao fato de estarem diretamente relacionadas a falta de saneamento básico, desmatamento, queimadas e poluição, que denotam alterações atmosféricas em decorrência dos materiais lançados na atmosfera.
Segundo a professora, em relação as nossas cidades no enfrentamento dessas mudanças climáticas, a poluição tem sido um fator importante a ser debatido, pois tem afetado a qualidade de vida da população e contribuído para o desequilíbrio ambiental, social e econômico, em especial no espaço urbano. “A emissão de CO², proveniente da urbanização e da industrialização, o desmatamento e a poluição contribuem para o aumento das temperaturas e outros eventos climáticos que provocam consequências negativas em nossas cidades. A aceleração do crescimento das cidades, com a urbanização, impacta diretamente a atual crise ambiental”.
Outro importante fator ressaltado pela Profa. Dra. Maria Feitosa são as consequências trazidas pelo crescimento desordenado das cidades, com a redução de áreas verdes e construções em áreas indevidas, pondo em questão as enchentes e os deslizamentos em encostas devido à habitação humana em locais impróprios e à retirada da cobertura vegetal de áreas de relevo acidentado.
“Em relação a esses impactos, é de fundamental importância abordar a ausência de medidas práticas que controlem os impactos que esses aglomerados urbanos resultam. O lixo, por exemplo, é uma produção resultante do consumo e da ação humana e as políticas públicas não estão conseguindo dar conta devido a aceleração dessa produção. Outra questão importante em relação a falta de planejamento urbano é a contaminação dos mananciais, proveniente da poluição dos rios. É necessário promover políticas públicas capazes de reduzir as consequências dessas ações para amenizar os impactos dessas enchentes, inundações, deslizamentos e as outras consequências negativas. Tudo isso para melhorar a qualidade de vida da nossa população”, finaliza.
Para o Prof. Dr. Daniel César de Carvalho, docente do curso de Geografia da nossa UESPI, em Floriano, as cidades brasileiras foram planejadas a curto prazo, sem previsões acerca do crescimento exponencial da população e outras demandas importantíssimas são postas em segundo plano. Isso inclui projetos de escoamento superficial das águas pluviais, fomento a construções com eficiência térmica, maiores espaços arborizados, dentre outros. Segundo ele, a cidade só será preparada para as mudanças climáticas com gestão inteligente e educação ambiental.
“O crescimento exponencial da população aliado à falta de planejamento criam ilhas de calor, um grande problema nas zonas urbanas. Mais do que isso, com o desequilíbrio climático, todo o ecossistema é afetado e as cidades desordenadas sofrem cada vez mais com os extremos. O calor excessivo, frios que batem recordes históricos, índices pluviométricos elevados, etc. Há a necessidade de se pensar no amanhã, pois o colapso dos centros urbanos avança à medida em que esses desequilíbrios se acentuam”, destaca o professor.
Além disso, o professor pontua que o fomento à educação ambiental é o alicerce, pois, sem uma população consciente, toda ação governamental pode ruir. Ele cita a implantação de energia limpa, aumento dos espaços verdes, reciclagem de resíduos, incentivo à logística reversa de componentes eletrônicos e melhorias no transporte coletivo como possíveis medidas a serem adotadas. “A solução de imediato é a gestão eficiente da coleta de resíduos sólidos e o fomento à educação ambiental, aliado à isso, a identificação dos pontos mais vulneráveis a esses problemas e a montagem de um plano de contenção de danos, para evitar principalmente a perda de vidas humanas. O Estado não pode esperar morrer gente para tomar uma atitude, as ações devem vir antes e uma gestão inteligente de longo prazo pode evitar esses problemas”, finaliza.
A importância do Geógrafo
O profissional entende a dinâmica do espaço e auxilia o planejamento das ações do homem sobre ele. Os aspectos inseridos nos estudos da Geografia são imprescindíveis para a manutenção da vida em sociedade. Não apenas para entender as formas de relevo, os fenômenos climáticos, as composições sociais e os hábitos humanos em seus espaços, mais para manter a vida como a conhecemos ou promover adaptações e melhorias.
Para a Profa. Dra. Maria Suzete Feitosa ser geógrafa é desvendar, identificar e descrever os fenômenos que se materializam na superfície da terra e que resultantes da relação do homem com o meio onde vive. “Levamos o conhecimento da espacialidade desses fenômenos que resultam dessa relação para tornar a sociedade consciente do seu papel na produção dos mesmos. Promover esse conhecimento é de fundamental importância.”
Já para o professor Prof. Dr. Daniel César de Carvalho, o profissional de geografia é de extrema importância para “localizar” os indivíduos em um mundo globalizado, onde se faz necessário compreender como a politica é conduzida, como o meio ambiente está sendo cuidado e como todos nós podemos contribuir positivamente para uma sociedade mais justa e ambientalmente responsável.
Publicado originalmente no site da Universidade Estadual do Piauí
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