Hotéis e restaurantes têm queda histórica de 44% no faturamento e 397 mil de empregos perdidos. Setor prevê recuperação plena somente em 2023
Brasília – DF 23/6/2021 – Entre março de 2020 e janeiro de 2021 o setor amargou prejuízos que chegaram a mais de R$ 274 bilhões.
Além da crise gerada pela pandemia, entidades acreditam que o endividamento dos estabelecimentos é um dos maiores desafios a ser superado. Prejuízos somam R$ 274 bilhões.
Um dos setores mais afetados pelas restrições impostas na pandemia, o Turismo e Hospitalidade (serviço que envolve recepção, acomodação, alimentos e bebidas) sofreu uma queda histórica de 44,8% na arrecadação, entre em 2020, com relação ao ano anterior.
Os dados são de uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostrando que entre março de 2020 e janeiro de 2021 o setor amargou prejuízos que chegaram a mais de R$ 274 bilhões. “Foram cerca de 350 mil estabelecimentos fechados desde o início da pandemia. Estamos falando do Turismo e Hospitalidades, área que gera cerca de 7,4 milhões de empregos diretos e indiretos, que é responsável por 7,7% do Produto Interno Bruto no Brasil e que precisa de apoio para se reerguer”, afirma Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA).
Para Sampaio, apesar da crise histórica, as férias no meio do ano podem ajudar na reação do setor. O empresário acredita que regiões onde a temperatura de julho é mais amena, como Nordeste, ajudam na recuperação do turismo de lazer. “Atrelado a isso, viagens e hospedagens relacionadas a petróleo, fronteiras agrícolas, mineração e geração de energia já estão bem aquecidos. E temos ainda o turismo interno como uma forte tendência nos próximos anos, o que ajuda na recuperação do setor. Mas a recuperação total dos prejuízos só em 2023”, avalia.
De acordo com a Contratuh, confederação que representa mais de quatro milhões de trabalhadores no Turismo e Hospitalidade no Brasil, os números do desemprego também atingiram marcas históricas. “Fizemos vários acordos para mitigar esses números, dialogamos com o setor empresarial por alterações nas convenções e acordos coletivos que reduzissem os números de demissões, mas infelizmente ainda tivemos cerca de 397 mil postos de trabalho perdidos, de acordo com nosso levantamento junto ao CAGED”, diz Wilson Pereira, presidente da confederação.
Wilson Pereira fala ainda da segurança dos trabalhadores, além das questões empregatícias e econômicas. “Além da preocupação em manter empregos, também visamos a segurança de quem está trabalhando. Entidades filiadas estão sempre fiscalizando locais de trabalho e enviamos vários ofícios aos chefes do Congresso Nacional e à Presidência da República para priorizar nosso setor na vacinação, visto o nível de exposição que esses profissionais enfrentam”, reforça.
Endividamento do setor é o maior desafio
Outro desafio para reaquecer o setor de Turismo e Hospitalidade é como lidar com o endividamento dos estabelecimentos. Segundo Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (associação de bares e restaurantes), 73% dos bares e restaurantes no Brasil estão com dívidas de aluguel, impostos e empréstimos bancários. “Essa situação de endividamento irá demorar de dois a cinco anos para voltar à normalidade. Entramos com ações de reparação nos 275 municípios que atuamos, em todos os estados. Queremos que o governadores e prefeitos reconheçam que o setor pagou uma conta injusta e desproporcional. O fato é que puseram restrições e fechamentos que provocaram perdas imensuráveis, e precisamos de reparos para reduzir esses danos, a exemplo do que ocorre nos EUA e na Europa”, explica.
Solmucci alerta ainda para a questão da mão de obra qualificada, que avalia ser bem escassa. “Já estamos com dificuldade de achar profissionais qualificados, com o mercado voltando a ficar aquecido no segundo semestre. Várias pessoas que trabalhavam no setor migraram para outras áreas, o que prejudicou a busca por esses profissionais”.
Para a Contratuh, o desafio de gerar emprego qualificado passa pela união de todas as entidades envolvidas. “Nossas entidades oferecem cursos, mas não é o bastante para a demanda. Vamos conversar com a CNC e com outras entidades de representação patronal para criarmos uma força tarefa conjunta de qualificação, visando os setores que mais precisam de profissionais. Assim, todos iremos ganhar, com geração de emprego, renda e aumento na receita”, esclarece Wilson Pereira.