São Paulo, SP 10/9/2021 – Seguir os protocolos fisioterápicos de atendimentos era bom, mas nem todos respondiam da mesma forma aos exercícios e as condutas propostas
A abordagem holística junto com a fisioterapia pode tratar de doenças como tendinopatias e doenças respiratórias
As ações terapêuticas da medicina tradicional chinesa ganham, cada vez mais, destaque e popularidade por todo mundo, com tratamentos de: acupuntura, dietoterapia, fitoterapia, ventosaterapia, qigong e yoga, segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS. De acordo com o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, mais da metade da população brasileira recorreu às Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) em 2020, no primeiro ano da pandemia de Covid-19. Entre elas destaca-se a atuação do fisioterapeuta na especialidade acupuntura (7,8%) e na utilização de técnicas ventosaterapia, que podem ser utilizadas em diversas áreas da fisioterapia. Conforme o instituto, foi registrada maior adesão da população a essas terapias nas regiões Centro-Oeste (71%) e Sul (70,8%), seguidas de Sudeste (63,4%), Norte (52,3%) e Nordeste (45,6%).
É possível alcançar melhores resultados através de uma atuação holística associando fisioterapia tradicional, as duas ciências estão interligadas pelos objetivos em comum de tratamento, prevenção, equilíbrio e manutenção da saúde, muito procuradas entre os pacientes, afirma Dra. Simone Santana Resende, graduada em Fisioterapia, com especialização em Acupuntura e MD em Medicina Oriental.
O princípio da medicina tradicional chinesa está no equilíbrio dinâmico entre duas energias, o YIN (que é a matéria) e o YANG (que é a energia que a coloca em movimento), diz a Dra. Simone, são complementares e se transformam constantemente. A Saúde do corpo está no equilíbrio entre essas duas energias que quando entram em desequilíbrio surge à doença.
Já a fisioterapia é a ciência que estuda o movimento humano e tem como objetivo a reabilitação ou a reeducação funcional dos indivíduos, Resende explica que se refere a uma atividade funcional que visa o equilíbrio da saúde e da qualidade de vida. Os princípios são baseados na prevenção, reintegração, reabilitação, fisiologia, biomecânica, tratamento, ética e recursos terapêuticos. E que atualmente são bastante utilizados em conjunto com algumas PICS.
De acordo com o Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (Observa PICS), 61,7% dos brasileiros adotam práticas integrativas, muitos na adição da fisioterapia, para ampliar o autocuidado. Entre os usuários declarados, 25% praticam de quatro a mais PICS.
No Brasil, a medicina tradicional chinesa é regulamentada por meio da Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, de número 21 de 2014. Além da Portaria GM/MS 971, de 3 de maio de 2006, sobre a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC), do Ministério da Saúde, respaldado pelas diretrizes da OMS.
“Como fisioterapeuta atuante há 14 anos e com experiência em tratamento que integra acupuntura, terapia manual, dietoterapia, magnetoterapia, aromaterapia, ventosaterapia e análise emocional, pude perceber que os pacientes precisavam mais do que movimentos do corpo. Seguir os protocolos fisioterápicos de atendimentos era bom, mas nem todos respondiam da mesma forma aos exercícios e as condutas propostas”, relata a fisioterapeuta.
Quando os pacientes procuram por tratamentos, a especialista informa que fatores constitucionais, climáticos, sociais e emocionais são considerados na prática da fisioterapia para ter melhor entendimento dos movimentos do corpo, com respostas mais expressivas do que somente o tratamento convencional. Ela também afirma que o meio ambiente vivido pelas pessoas interfere diretamente na saúde física e mental, e que no inverno tem-se mais dificuldade em ganhar flexibilidade e movimentar-se, e as dores reumáticas tendem a acentuar por existir uma relação entre às estações do ano com o corpo humano e todas as suas funções.
Segundo a medicina tradicional chinesa, o inverno está associado ao frio no que diz respeito à energia do céu, e à água no que diz respeito à energia da terra. Portanto, água e frio dominam esta estação. Os músculos retraem-se e a energia desacelera se concentrando no interior do corpo e nas estruturas, as articulações ficam mais rígidas. Por esse fato no inverno as dores articulares estão mais presentes, assim como é a natureza, o corpo também reage às mudanças de clima. “Devemos associar à fisioterapia a uma dieta que equilibre a energia, trabalhar com elementos que aqueçam e edifiquem o corpo sem exacerbar suas funções para obter melhores resultados. Conhecer a essência e constituição de cada um é determinante para os bons resultados nos tratamentos”, alega Resende.
O Sistema Único de Saúde (SUS), considerando a atenção básica, os serviços de média e alta complexidade e a procura por terapias holísticas, disponibiliza atualmente 9.350 estabelecimentos de saúde no país ofertando 56% dos atendimentos individuais e coletivos em Práticas Integrativas e Complementares nos municípios brasileiros, que podem ser associados à fisioterapia, compondo 8.239 (19%) estabelecimentos que ofertam PICS, distribuídos em 3.173 municípios. As Práticas estão presentes em quase 54% dos municípios brasileiros, distribuídos pelos 27 estados e Distrito Federal e todas as capitais brasileiras.
Dra. Simone Resende menciona que o corpo humano precisa ser entendido como parte da natureza. “Se ela muda, também precisamos adaptar nossos hábitos, os tratamentos associados fazem grande diferença nas respostas de cada paciente. Esse é o equilíbrio da vida, esse é o equilíbrio dinâmico, essa é a forma de viver em harmonia com o universo”, finaliza a fisioterapeuta.
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