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Gordura abdominal também é fator agravante para a Covid-19, dizem estudos
São Paulo 27/5/2021 –
Segundo pesquisas internacionais, circunferência abdominal pode superar até mesmo a obesidade em relação aos riscos de complicações da doença
É consenso que a obesidade crônica é um dos fatores agravantes para a Covid-19. No entanto, estudos desenvolvidos na Europa associam a gordura abdominal como mais um fator de risco para complicações da infecção.
Uma pesquisa apresentada no Congresso Europeu sobre Obesidade, em Milão, neste ano, mostrou, por exames de raio-x, que a circunferência abdominal é mais relevante do que a obesidade geral no estudo da gravidade da Covid-19. No estudo, pacientes com obesidade abdominal apresentaram resultados superiores àqueles sem gordura abdominal. Em números percentuais, a diferença foi de 59% e 35%, respectivamente.
Outro estudo, realizado na Alemanha, avaliou a gordura abdominal de pessoas infectadas com o vírus, por tomografia, e concluiu que cada centímetro a mais aumentava em 13% o risco de necessidades de internação em unidades de terapia intensiva.
O que dizem os especialistas
Conforme a médica endocrinologista do Instituto de Medicina Sallet, Dra. Laís Vieira, esse contexto é possível, visto que a obesidade visceral, ou seja, o excesso de gordura que se concentra na região abdominal, está associada a um estado de inflamação crônica e resistente à ação da insulina, com pior resposta imune às infecções, como a Covid-19.
Já o preparador físico William Komatsu, também do Instituto de Medicina Sallet, explica que a circunferência abdominal é um dos marcadores de risco para doenças cardiovasculares, como o infarto e o AVC. “Existem dois tipos de gordura abdominal, a subcutânea, que se localiza a frente dos músculos abdominais, e a perivisceral, que se acumula entre as alças intestinais e órgãos internos como o fígado e intestino, sendo a mais perigosa, associada a níveis altos de triglicerídeos, baixos níveis do bom colesterol (HDL), e resistência à ação da insulina”.
Além da Covid-19
Estudos apontam que o acúmulo de gordura abdominal também está relacionado à síndrome metabólica. Segundo o cirurgião bariátrico e fundador do Instituto de Medicina Sallet, Dr. José Afonso Sallet, esse fenômeno é a junção de vários fatores de risco que, quando associados, podem aumentar as chances de doenças cardíacas, derrames e diabetes.
Conforme o médico, a presença de pelo menos três fatores de risco já é suficiente para apontar um sinal da síndrome metabólica, sendo alguns dos fatores a obesidade, a glicemia alta e a própria elevação abdominal. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o ideal é que a circunferência da cintura não ultrapasse 102 centímetros nos homens e 88 nas mulheres.
Atenção com o sobrepeso
Segundo a endocrinologista, uma das condições que também está atrelada a uma maior concentração de gordura visceral é o sobrepeso. A especialista explica que essa condição precisa de atenção, porque aumenta os riscos para a própria obesidade e doenças crônicas, como Diabetes Mellitus tipo 2 e Hipertensão Arterial Sistêmica, doenças que podem causar um pior prognóstico para Covid-19, entre outras infecções.
“No atual cenário, onde as taxas de sobrepeso e obesidade aumentam substancialmente e, consequentemente, o número de portadores de doenças crônicas, estudar e agir em medidas de prevenção e tratamento é fundamental. A preocupação aumenta quanto maior o IMC (Índice de Massa Corpórea), portanto, precisamos informar e orientar à população quanto à importância da adesão a hábitos saudáveis”, alerta Laís.
Estratégias de tratamento
Os especialistas são unânimes quanto aos cuidados básicos no combate à obesidade e sobrepeso. Entre as medidas, é preciso ter uma alimentação adequada, um sono de qualidade, reduzir o estresse e tratar os transtornos de ansiedade, além de fazer exercícios físicos e ter acompanhamento médico regular.
“Em relação à atividade física, as recomendações para sobrepeso e obesidade são as mesmas. Priorizar os exercícios de fortalecimento muscular e, no caso das pessoas que não possuem complicações osteoarticulares, pode-se fazer exercícios aeróbios com cautela, como caminhada, bike e corrida”, orienta o preparador, que também recomenda a ajuda de um profissional de educação física para prescrição e acompanhamento dos exercícios.
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