A cirurgia micrográfica de Mohs – considerada o método mais confiável para o manejo de determinados tumores malignos de pele – foi tema de 12 dos 14 artigos científicos aceitos para publicação neste ano, seis no Brasil e oito nos Estados Unidos, demonstrando a relevância do tema no mundo.
O autor e co-autor dos artigos, o médico dermatologista do Paraná, Felipe Cerci, conta que as publicações foram de artigos de investigação, de revisão ou relatos de caso envolvendo diferentes tipos de câncer de pele.
“Também abordamos assuntos como margens cirúrgicas para o carcinoma basocelular (câncer de pele mais comum no Brasil e no mundo), técnicas de reconstrução após remoção do carcinoma e a cirurgia de Mohs para o tratamento de tumores malignos cutâneos mais raros”, relata Cerci. Os artigos científicos contaram com a participação de colegas do Brasil, principalmente do Serviço de Dermatologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, além de colegas dos Estados Unidos e da Colômbia.
Os artigos do pesquisador brasileiro foram publicados em revistas como o “Journal of the American Academy of Dermatology” (principal periódico científico do mundo na área da dermatologia), no “International Journal of Dermatology”, nos “Anais Brasileiros de Dermatologia” (principal periódico nacional na área), na “Surgical and Cosmetic Dermatology, “Dermatology Practical & Conceptual”, entre outros.
Um deles foi o primeiro estudo de investigação na área de cirurgia de Mohs publicado por um brasileiro (como primeiro autor) no “Journal of the American Academy of Dermatology”. Intitulado “Surgical margins required for basal cell carcinomas treated with Mohs micrographic surgery according to tumor features” (Margens cirúrgicas necessárias para erradicação de carcinomas basocelulares tratados com cirurgia micrográfica de Mohs baseado nas características do tumor), a pesquisa avaliou as margens necessárias para a remoção completa do carcinoma basocelular (CBC) de acordo com suas características.
Foram analisados quase 300 tumores com o objetivo de sugerir margens iniciais para retirada do CBC na cirurgia de Mohs e margens para retirada do CBC via cirurgia convencional. Dentre alguns importantes achados, destacou-se o fato de que, quando a cirurgia de Mohs não está disponível, CBC’s nodulares primários menores de 6 mm podem ser erradicados na cirurgia convencional com margem de segurança de 3 mm em vez da atual recomendação de 4 mm. Apesar de parecer uma redução sutil, é preciso levar em conta que a ferida cirúrgica é retirada em uma área circular, de modo que a diminuição de 1 mm no raio do círculo implica em considerável atenuação na totalidade de sua área.
Cirurgia de Mohs
A cirurgia de Mohs permite analisar 100% das margens periféricas (lateral e profunda) imediatamente após a remoção do tumor de pele. Trata-se de procedimento cirúrgico realizado em etapas, em que as margens são meticulosamente mapeadas até a completa retirada do tumor. As etapas são divididas em: avaliação e marcação da lesão, remoção, preparação e mapeamento da peça cirúrgica, processamento e, por fim, análise microscópica das margens cirúrgicas.
Após a retirada completa do tumor, realiza-se o fechamento da ferida operatória. A avaliação histológica de todas as margens cirúrgicas leva a maiores taxas de cura e maior conservação tecidual, conferindo ao procedimento segurança e confiabilidade.
Outro benefício é uma maior preservação de pele, principalmente nas áreas nobres da face como nariz, região ao redor da boca, dos olhos e orelha, reduzindo o impacto psicológico que a cirurgia para retirada do tumor possa ocasionar no paciente.
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