Ciência e saúde

MCTI articula adesão do Brasil ao maior centro científico do mundo

O Brasil pode se associar ao maior e mais avançado centro científico do mundo. Localizada na fronteira entre a Suíça e a França, a Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN) é uma infraestrutura de pesquisa voltada para física de altas energias. Entre os grandes feitos, estão a comprovação do bóson de Higgs ou “partícula de Deus”; a construção do LHC, o mais potente acelerador de partículas do planeta; a invenção do World Wide Web (www); além de experimentos e descobertas sobre a origem do universo.

O CERN tem a missão quase poética de responder a questões fundamentais da humanidade: como surgiu o universo e quais são as forças que o controlam. Para investigar esses mistérios, os pesquisadores construíram o maior acelerador de partículas do mundo.

O LHC funciona dentro de um túnel de 27 quilômetros a cem metros abaixo do solo, onde as partículas são aceleradas a uma velocidade próxima à da luz, produzindo 1 bilhão de colisões por segundo.

O experimento levou mais de dez anos para ser concluído até a primeira volta, em 2011. Com ele, os cientistas reproduziram as condições dos instantes seguintes ao Big Bang, mas 95% da massa e da energia que compõem o universo ainda são um grande mistério.

Criado em 1954, logo após a Segunda Guerra Mundial, o CERN começou com uma colaboração internacional entre 12 países. Hoje, possui 23 estados-membros plenos e oito associados. Em 2010, a organização estendeu a possibilidade de países não-europeus se tornarem membros associados.

Com um volume histórico de cooperação científica, o Brasil iniciou os trâmites que resultaram na assinatura do Acordo de Acessão, em 2022. Para ser ratificado, o acordo precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente da República.

Em visita ao CERN nesta sexta-feira (9), a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, reafirmou o compromisso do governo brasileiro com o processo de acessão.

Acompanhada de uma delegação parlamentar, ela conheceu as instalações, se reuniu com pesquisadores brasileiros que atuam na organização científica e reiterou que a associação ao CERN integra a estratégia de ampliar o acesso do Brasil a infraestruturas globais de pesquisa.

Para aderir à organização, o país precisa contribuir com US$ 12 milhões por ano – valor que, segundo a ministra, não compromete o financiamento e traz enormes benefícios para a ciência brasileira.

“Esta parceria será de grande importância para a comunidade científica brasileira, mas, principalmente, para a indústria nacional de base inovadora. É prioridade do governo do presidente Lula a reindustrialização em novas bases, com o objetivo de promover e apoiar o desenvolvimento tecnológico e a inovação nas empresas nacionais”, disse a ministra.

Para além do mistério que cerca a existência do universo, a ciência produzida no CERN permite o desenvolvimento de experimentos que oferecem soluções para a saúde, a indústria e o meio ambiente.

A partir do grande acelerador LHC, outros empreendimentos científicos foram construídos. Um deles é o Sirius, que funciona no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP).

Os dois aceleradores já possuem acordo de cooperação, mas a associação do Brasil ao CERN vai elevar a transferência de tecnologia para outro patamar. Grande parte das tecnologias desenvolvidas pela organização acontece em parceria com a indústria por meio de contratos de pesquisa e desenvolvimento e de fornecimento de serviços e matéria-prima.

Para se ter uma ideia, os investimentos do CERN com contratos e encomendas junto à indústria alcançaram cerca de US$ 500 milhões nos últimos anos.

Se aprovada, a adesão vai permitir a participação das empresas brasileiras nos contratos com o CERN, além de assegurar o acesso de pesquisadores e cientistas à organização, ampliando a formação de recursos humanos altamente qualificados, o que é importante para a reindustrialização do país.

Minerais estratégicos

Outra vantagem da associação do Brasil à Organização Europeia para Pesquisa Nuclear é o acesso do país a matérias-primas especiais, como o nióbio, largamente utilizado para a fabricação de ímas. Em vez de adquirir o minério em sua forma natural, o CERN opta pelo produto final para aplicação em seus componentes.

“O Brasil tem todo o interesse em absorver a tecnologia utilizada na fabricação das ligas de nióbio, titânio e cobre em vez de ser apenas um exportador de matéria-prima”, ressaltou a ministra Luciana Santos.

Segundo o diretor-geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva, diferente do CERN, o Sirius é um acelerador de elétrons que gera a luz necessária para a investigação dos materiais e, por isso, está mais próximo de aplicações práticas, como a investigação das rochas do pré-sal, das células do organismo e das proteínas para o desenvolvimento de fármacos, por exemplo. Mas as pesquisas realizadas pelo CERN são fundamentais para o Brasil dar um salto no desenvolvimento científico e tecnológico.

“A ciência e a tecnologia possuem vários componentes que transformam uma sociedade. A formação de recursos humanos qualificados, avançar no conhecimento da humanidade como um todo, a transferência de tecnologia de ponta para empresas, gerando novos empregos, e a internacionalização, que permite ao Brasil ser parte dessa grande rede mundial de pesquisa. E o CERN é um ponto central para tudo isso”, resumiu Roque.

Via Assessoria de Imprensa MCTI

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